Os investimentos no agronegócio tiveram forte expansão no último ano, mesmo em um cenário de inflação elevada e crédito mais caro para os produtores.
Segundo informações do Boletim do Agro, publicado mensalmente pelo Ministério da Agricultura, o estoque/patrimônio de Cédulas de Produto Rural (CPR) teve um crescimento de 81% no período, passando de R$ 128,81 bilhões para R$ 232,58 bilhões.
Já os fundos de investimento nas cadeias produtivas agroindustriais (Fiagro) tiveram um avanço de 310% no mesmo intervalo, saindo de quase R$ 3 bilhões para cerca de R$ 12 bilhões.
Outras modalidades de captação de recursos para o agronegócio também tiveram um robusto aumento, como a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), o Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA), o Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA).
Esses números corroboram o grande interesse dos investidores no agronegócio, que vem aumentando sua participação no PIB e impulsionando o superávit comercial do país nos últimos anos.
A evolução do mercado de capitais nacional também permitiu o surgimento de novas formas de captação de recursos para pequenos e médios produtores, como o investimento participativo (crowdfunding), e de plataformas que conectam os empreendedores do campo a investidores que podem alavancar seus negócios.
Neste artigo, vamos entender como foi a evolução dos investimentos no agronegócio através do mercado de capitais e como é possível captar de R$ 1 milhão a R$ 120 milhões de forma simples e relativamente mais barata do que as opções tradicionais de crédito.
Os tópicos que vamos abordar a partir de agora são:
Investimentos no agronegócio têm forte expansão em ano desafiador
O período pós-pandemia foi marcado por aumento de custos de produção e financiamento para os produtores, mas o vigor das operações agropecuárias no mercado de capitais mostram que o setor segue na mira dos investidores.
Mesmo em um ano de volatilidade nos ativos de renda fixa e variável, os principais produtos de financiamento do agronegócio registraram um robusto crescimento, como mostra a tabela abaixo, sobre investimentos no agronegócio:
Produto | Estoque/Patrimônio fev/22 (R$ bilhões) | Estoque/Patrimônio fev/23 (R$ bilhões) | Variação |
CPR | 128,81 | 232,58 | +81% |
LCA | 201,54 | 362,76 | +80% |
CDCA | 21,08 | 29,60 | +40% |
CRA | 69,34 | 101,54 | +46% |
Fiagro | 2,90 | 11,90 | +310% |
Os dados são do “Boletim do Agro – Finanças Privadas”, publicado mensalmente pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) com informações sobre o desempenho dos principais instrumentos de captação privada de recursos para o financiamento das cadeias produtivas do agronegócio. Seu objetivo é mostrar a evolução e a importância desses instrumentos para o setor agropecuário brasileiro.
O relatório mostra um crescimento robusto no estoque de recursos dos principais instrumentos de financiamento do agro.
A CPR, principal forma de financiamento do agronegócio, cresceu 81% entre fevereiro de 2022 e o mesmo mês deste ano, passando de R$ 128,81 bilhões para R$ 232,58 bilhões em estoque/patrimônio, como evidencia o gráfico abaixo.
Investimentos no agronegócio – CPR (Imagem: Mapa)
O maior crescimento em percentual, no entanto, ficou com o Fiagro, produto inspirado no sucesso dos fundos imobiliários e que vem chamando bastante a atenção de pequenos investidores. Seu crescimento foi de 310% no período, atingindo a marca de quase R$ 12 bilhões em patrimônio.
Investimentos no agronegócio – Fiagro (Imagem: Mapa)
As Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) também apresentaram um avanço digno de nota, ao crescer 80% no período em estoque/patrimônio, alcançando a marca de mais de R$ 326 bilhões.
O Boletim do Agro – de Finanças Privadas é elaborado pela Coordenação-Geral de Instrumentos de Mercado e Financiamento, do Departamento de Política de Financiamento ao Setor Agropecuário, pertencente à Secretaria de Política Agrícola, do Mapa.
Os dados foram obtidos junto a entidades que fazem o registro dos ativos financeiros, como a B3, operadora da bolsa de valores brasileira, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Banco Central do Brasil.
O que dizem os especialistas sobre os investimentos no agronegócio
Os especialistas em investimentos no agronegócio apontam que esse vigoroso crescimento das operações do setor no mercado de capitais se deve à menor disponibilidade de recursos públicos para subsidiar a produção, como o Plano Safra.
Essa realidade se configurou em razão do estabelecimento da Lei de Teto de Gastos, cujo objetivo era restringir a expansão da dívida pública nos últimos anos, o que exigiu maior discricionariedade na alocação dos recursos do governo e maior competição entre os setores.
Dessa forma, o crédito subsidiado pelo governo ficou mais escasso, ao mesmo tempo em que o financiamento bancário ficou mais caro, em razão do aumento de juros pelo Banco Central, que elevou a taxa Selic de 2%, no primeiro trimestre de 2021, para os atuais 13,75%.
De acordo com Felipe Souto, CEO do Grupo Bloxs, plataforma de investimentos alternativos e soluções de acesso ao mercado de capitais, com diversas operações de captação e investimentos no agronegócio:
O fato é que o produtor teve que aumentar a parcela de juros de mercado em seu mix de crédito, encarecendo substancialmente o financiamento da produção e pressionando suas margens de lucro já apertadas por conta do aumento de custos no período pós-pandemia. Isso acabou aumentando o fluxo das operações para o mercado de capitais, já que os títulos agropecuários contam com benefícios tributários, como isenção de imposto de renda para pessoas físicas.
Quem compartilha dessa visão é o diretor da Bluemetrix Asset, o economista Renan Silva, que explica, em uma entrevista ao Canal Rural, que o governo brasileiro promoveu, nos últimos anos, uma desalavancagem de recursos oriundos dos bancos públicos na ordem de US$ 100 bilhões, e o setor privado supriu essa ausência.
Foi uma estratégia muito clara do Paulo Guedes [ex-ministro da Economia]. No sentido de que o Estado aloca mal, então, vamos deixar o setor privado suprir a necessidade do mercado. E funcionou. Por isso que a gente vê no boletim uma elevação muito grande das colocações dos papéis tradicionais, como os CPRs, as LCAs e tudo mais.
Os especialistas ressaltam ainda que a evolução das plataformas de investimentos, com aplicativos intuitivos e a oferta de produtos variados, ao estilo de um “supermercado” para os investidores, tornou mais fácil ter exposição ao agronegócio, um dos pilares mais importantes da nossa economia e responsável pelos sucessivos superávits comerciais registrados pelo país nos últimos anos.
Perspectivas para os investimentos no agronegócio
A mudança de governo trouxe incerteza entre os agentes do mercado em relação a esse movimento claro das empresas e dos investimentos no agronegócio para o mercado de capitais, diante do temor da volta das políticas expansionistas parafiscais através de bancos públicos, como o BNDES.
No entanto, a sinalização da equipe econômica, no sentido de implementar um arcabouço fiscal mais factível e previsível, bem como a realização de uma reforma tributária gradual e que promova a eficiência no ambiente de negócios, pode mudar essa percepção e ajudar na expressiva tendência de alta que os investimentos do agronegócio vêm registrando no mercado financeiro.
Por isso, a expectativa é que as operações dos títulos financeiros agropecuários continuem se expandindo e atraindo investidores, interessados em diversificar sua carteira com projetos de um setor sólido e resistente a crises.
Como captar recursos para a sua fazenda
Se você também deseja captar recursos no mercado financeiro, mas acredita que isso é apenas para os grandes exportadores de commodities, saiba que essa percepção está muito equivocada.
Hoje, bons produtores do campo já podem atrair investidores para os seus negócios e financiar sua produção, acessando o mercado de capitais através de novas plataformas de investimento, como o Grupo Bloxs, que oferece soluções completas para pequenos e médios investidores que desejam levantar de R$ 1 milhão a R$ 120 milhões.
Seja através de investimentos participativos (crowdfunding) ou operações estruturadas, como debêntures, fundos de investimento, CRAs, entre outros, você pode contar com a equipe especializada da Bloxs para realizar operações recorrentes no mercado financeiro.
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