Quando tomamos a importante decisão de investir, somos obrigados a fazer escolhas difíceis, que muitas vezes trazem riscos que desconhecemos.
Recentemente, chamou a atenção do mercado o IPO do Nubank que, logo após sua listagem em Nova York, tornou-se a maior instituição financeira da América Latina, deixando para trás nomes de peso, como Itaú, Bradesco e Santander.
A empresa fez uma forte campanha de marketing intitulada NuSócios, chamando seus clientes a aceitarem um “pedacinho” da startup e se tornarem “donos” do maior banco digital do mundo.
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No entanto, após um breve período de valorização, os papéis da empresa despencaram, perdendo dois terços do seu valor, em razão das condições de mercado.
Por mais promissoras que pareçam, todas as empresas enfrentam desafios operacionais e podem gerar prejuízo a seus investidores em momentos adversos.
Para entendermos melhor o conceito de risco no mercado financeiro e como ele está presente em todas as modalidades de investimento, elaboramos este artigo especial, que abordará os seguintes tópicos:
O que é risco no mercado financeiro?
No mundo dos investimentos, risco é a possibilidade de uma decisão financeira entregar resultados negativos ou abaixo das expectativas durante o prazo previsto de alocação.
Todo tipo de investimento envolve riscos, até mesmo opções consideradas mais seguras no mercado de renda fixa, como um CDB ou título público que gera uma rentabilidade real negativa por causa do aumento da inflação.
Dessa forma, o risco financeiro pode ser influenciado por questões inerentes ao próprio ativo, como um baixo desempenho operacional, ou ainda por eventos exógenos, como problemas geopolíticos e macroeconômicos.
De acordo com a Autoridade Regulatória da Indústria Financeira (Finra) dos EUA:
O valor do seu investimento pode aumentar ou diminuir devido às condições gerais de mercado (risco de mercado). Decisões corporativas, como expandir para uma nova área de negócios ou fundir-se com outra empresa, podem afetar o valor de seus investimentos (risco de negócios). Se você possui um investimento internacional, eventos internos do país em questão podem afetar seu investimento (risco político e risco cambial).
Existem ainda outros tipos de risco financeiro, como a liquidez de um ativo, ou seja, a facilidade ou dificuldade de resgatar ou transformar um investimento em caixa, bem como a falta de diversificação, isto é, o peso exagerado de alguns componentes em um portfólio, entre outros.
Uma medida bastante utilizada para medir o risco de um investimento é a sua volatilidade, ou seja, a intensidade com que seu valor de mercado varia durante determinada faixa de tempo.
Assim, de forma resumida, podemos dizer que o risco é a possibilidade de retorno negativo de um ativo financeiro, não importa o que aconteça.
Relação risco-retorno
Os investidores costumam exigir um retorno maior dos ativos que apresentam mais risco percebido.
Isso se deve ao fato de que as pessoas e instituições tendem a optar por investimentos mais seguros para não colocar seu patrimônio em perigo, o que acaba gerando concorrência entre as classes de ativos.
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Um banco de pequeno porte, por exemplo, para conseguir captar recursos no mercado e financiar sua atividade, precisa oferecer uma taxa de retorno mais atrativa do que a dos grandes bancos, pois, além de o seu risco de crédito ser maior, a liquidez do seu título é bastante reduzida, aumentando o custo de oportunidade.
LEIA MAIS: 3 critérios mais importantes para avaliar o risco de crédito de uma empresa
Empresas disruptivas e risco financeiro
Em momentos de crescimento econômico, juros baixos e euforia no mercado financeiro, os investidores ficam mais dispostos a correr riscos para obter retornos maiores, investindo em empresas e projetos considerados promissores, mas que ainda não geram lucro.
Esse racional se aplica a companhias inovadoras, que criam novos nichos de mercado e precisam investir pesado para desenvolver produtos com grande potencial disruptivo. Esse foi o caso da Tesla, por exemplo, maior fabricante de veículos elétricos do mundo.
A empresa liderada por Elon Musk hoje tem um valor de mercado superior ao das maiores fabricantes automotivas do planeta juntas.
LEIA MAIS: 3 motivos por que Elon Musk tem ativos reais em seu portfólio
A Tesla revolucionou a indústria automotiva com veículos altamente tecnológicos e com grande alcance operacional, mas passou a maior parte do seu tempo de mercado dando prejuízos, até que conseguiu estabelecer uma rede de fábricas nos EUA, Europa e China para satisfazer a alta demanda por seus veículos.
O caso Nubank e seus ensinamentos
Mas não são todas as empresas de tecnologia que têm a capacidade de revolucionar seus setores de atuação como a Tesla fez.
Um caso emblemático disso foi o Nubank, que atingiu um tremendo sucesso comercial no Brasil, prometendo desburocratizar o acesso ao crédito e a serviços financeiros de qualidade. O “roxinho”, como ele também é chamado, acabou se tornando o maior banco digital do mundo, crescendo a um ritmo de mais de 45 mil novos clientes por dia.
Nomes emblemáticos do mercado financeiro, como a Berkshire Hathaway, do lendário investidor Warren Buffett, e o Softbank, expoente do setor de private equity, financiaram o crescimento do Nubank enquanto a startup ainda tinha capital fechado e não gerava lucro.
No fim do ano passado, a empresa decidiu fazer seu IPO nos EUA, avaliado em mais de 40 bilhões de dólares. De repente, uma fintech que ainda não dava lucro consistente se tornou a instituição financeira mais valiosa da América Latina.
Como isso foi possível?
Sem dúvida, o fato de o Nubank ter atraído grandes investidores como sócios antes da sua abertura de capital acabou gerando muita expectativa para o seu IPO. Afinal, se Warren Buffett estava investindo na empresa, o que poderia dar errado?
Como mostra o gráfico acima, após uma leve alta inicial, os papéis do Nubank simplesmente derreteram, perdendo mais de dois terços do seu valor desde a máxima perto de US$ 12 por ação.
Uma série de fatores contribuiu para essa derrocada, como a piora na perspectiva de crescimento mundial, devido à disparada da inflação e ao aumento de juros nas principais economias. De uma hora para outra, já não fazia mais sentido investir em empresas como o Nubank, que não pagam dividendos e dependem da expansão econômica e dos juros baixos para atrair investidores.
A empresa, no entanto, procurou exaltar sua eficiência operacional em seu último balanço, afirmando que registrou seu melhor resultado da história, com um lucro líquido ajustado de US$ 10,1 milhões no 1º tri.
Segundo o CEO da companhia, David Vélez:
Esse resultado foi impulsionado por nossa avançada modelagem de riscos, assim como nossa concessão de crédito disciplinada e resiliente, especialmente frente às atuais condições macroeconômicas.
Ocorre que, do ponto de vista contábil, o Nubank, na verdade, teve prejuízo líquido de US$ 45,1 milhões, ressaltando os desafios que a empresa enfrenta para monetizar sua base de quase 60 milhões de clientes.
Podemos ver, portanto, que o investimento em empresas consideradas promissoras e disruptivas pode trazer riscos muito maiores do que a maioria das pessoas imagina, mesmo se tratando de companhias de grande porte, com sócios de renome e potencial para divulgar sua própria narrativa a respeito do seu desempenho operacional.
A melhor forma de mitigar esse risco é fazer uma diversificação inteligente de portfólio, reduzindo a exposição à volatilidade e inserindo, por exemplo, ativos reais geradores de renda, com pouca ou nenhuma correlação com o mercado financeiro.Se você deseja ter projetos diretamente ligados à economia real na sua carteira, em setores sólidos e resistentes a crises, conheça o portfólio de captações de crowdfunding da Bloxs e faça seu cadastro gratuito em nossa plataforma para ficar por dentro de tudo o que acontece no mundo dos investimentos alternativos.