Mesmo em um ano repleto de desafios, o mercado de capitais brasileiro conseguiu registrar o segundo maior volume de captações da série histórica em 2022, alcançando mais de R$ 570 bilhões em emissão de valores mobiliários.
É o que aponta o último boletim econômico da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que regula e supervisiona as ofertas públicas de investimento no país.
Um dos destaques desse grande volume de captações foi o crowdfunding, modalidade de investimento participativo que amplia as fontes de financiamento para pequenas empresas na economia real.
De fato, após a atualização feita pela CVM, simplificando processos e aumentando os limites de captação, houve um crescimento de 61% no valor emitido das ofertas nessa modalidade de investimento coletivo.
Mas a forte alta de juros no período acabou favorecendo mesmo o mercado de dívidas (debêntures, notas promissórias/comerciais, CRI e CRA), cujo volume total de emissões foi de R$ 409,5 bilhões.
Isso mostra que o acesso ao mercado de capitais, principalmente para pequenas e médias empresas, grandes geradoras de emprego, é fundamental para o desenvolvimento econômico do país.
Neste artigo, vamos abordar o bom desempenho das captações privadas realizadas pelas companhias nacionais no ano passado, mesmo em um cenário desafiador para os ativos de risco e muito mais.
Fique com a gente e confira os tópicos que vamos abordar a partir de agora:
Volatilidade nos ativos de risco muda fluxos do mercado de capitais
Após a forte retomada dos mercados financeiros durante a pandemia, o ano de 2022 foi marcado pelo aumento da inflação e pela normalização dos juros nas principais economias.
O Brasil iniciou mais cedo o processo de aperto das condições financeiras, com o Banco Central tirando a taxa de juros da mínima histórica de 2%, no primeiro trimestre de 2021, e levando-a para o patamar atual de 13,75%.
Isso acabou reconfigurando totalmente os fluxos de capitais na economia, com uma intensa saída de recursos dos ativos de risco, como ações, para sua alocação em títulos de dívida pública e privada, que passaram a registrar taxas de remuneração mais atraentes.
De fato, enquanto o Ibovespa recuou quase 12% em 2021 e não conseguiu repor as perdas para a inflação no ano seguinte, as captações no mercado de dívida dispararam, subindo 21,6% de um ano para o outro, o que acabou afetando a capitalização de mercado das companhias listadas, como mostra a imagem a seguir:
A mudança do fluxo de capitais promovida pela normalização de juros diante da inflação pode ser mais bem percebida no gráfico abaixo, que mostra a grande valorização das commodities, do dólar e da remuneração dos títulos públicos e privados, ao mesmo tempo em que os ativos de risco registram forte desvalorização:
Dívida corporativa atrai investidores com maior remuneração
Um boletim econômico recente divulgado pela CVM sobre o desempenho do mercado de capitais no ano passado evidencia que o crédito privado, realmente, foi a classe de investimento preferida dos investidores brasileiros no último ano.
Ao longo de 2022, foram realizadas 2.297 ofertas que acumularam um valor de mais de R$ 574 bilhões no mercado de capitais, segundo melhor desempenho da série histórica da CVM.
De acordo com a autarquia, o ano de 2021 foi atípico, por conta da antecipação do encerramento de ofertas, devido a mudanças nas regras de cobrança das taxas de fiscalização, fazendo com que o resultado do ano fosse de R$ 737 bilhões.
O que acabou movimentando mesmo o mercado foram as ofertas de dívida corporativa, que abrangem debêntures, notas promissórias/comerciais, CRI e CRA, somando mais de R$ 409 bilhões, o equivalente a 71% das emissões ocorridas no ano.
De acordo com Felipe Souto, CEO da Bloxs, plataforma de acesso ao mercado de capitais especializada em soluções para pequenas e médias empresas:
Ao longo do ano passado, as condições financeiras obrigaram as empresas a recorrer ao mercado de dívida corporativa para se financiar, diante da queda do interesse dos investidores por ativos mais voláteis, como as ações. Isso explica por que vivemos em 2022 um ano de seca nos IPOs. Para este ano, a expectativa é que os títulos de dívida continuem sendo mais atraentes, em vista da sua remuneração, apesar dos preços bastante descontados do mercado acionário nacional.
Crowdfunding registra forte expansão
Um dos destaques das emissões no ano passado foi o crowdfunding, modalidade de investimento participativo em que um grupo de investidores se une para financiar projetos do seu interesse, diretamente ligados à economia real.
Desde a sua regulamentação pela CVM, em 2017, o crowdfunding vem crescendo de forma acentuada a cada ano e se tornou uma importante fonte de captação para pequenas empresas, especialmente após as atualizações recentes promovidas pela autarquia.
No ano passado, diante do aumento da procura por essa forma de captação e pelo sucesso desse emergente mercado na promoção do investimento direto na economia, a CVM achou por bem modificar os ritos de registro das ofertas de investimento participativo, a fim de dar mais flexibilidade e agilidade à obtenção de capital pelas pequenas empresas.
Com isso, o limite máximo por captação triplicou, passando de R$ 5 milhões para R$ 15 milhões, o que explica por que o valor das emissões nessa modalidade de investimento aumentou 61% em comparação com 2021.
Em um universo de 51 plataformas de crowdfunding registradas, as pequenas empresas conseguiram captar R$ 210 milhões.
Bloxs capta R$ 38 milhões e distribui R$ 18 milhões aos investidores
O grande destaque desse segmento, mais uma vez, ficou com a Bloxs, que respondeu por R$ 38 milhões desse volume, com ofertas inovadoras, seja em setores tradicionais, como o mercado imobiliário; em crescimento, como energia renovável; ou emergentes, como o mercado de créditos de carbono e a cannabis medicinal.
Ao falar sobre as captações da Bloxs na modalidade crowdfunding, Felipe Souto, CEO da companhia, afirmou o seguinte:
Em um ano tão desafiador, nossa estratégia foi diversificar nossas captações, trazendo para o pequeno investidor teses em franca ascensão no mundo e antes inacessíveis a esse tipo de público, como foi o caso das nossas ofertas em biodefensivos (Openeem), créditos de carbono (Moss), cannabis medicinal (Lacann) e energia renovável. O sucesso dessas ofertas se deve justamente ao seu potencial de valorização nos próximos anos.
Em um ano de forte volatilidade nos mercados financeiros, os projetos captados pela Bloxs pagaram aos investidores cerca de R$ 18 milhões em dividendos, ressaltando a importância de investir em ativos alternativos para uma boa diversificação e mitigação do risco para os investidores.
Se você gostou deste conteúdo e deseja ficar por dentro de tudo o que acontece de mais importante no mundo dos investimentos alternativos, faça um cadastro rápido em nossa plataforma e se inscreva em nossas newsletters semanais.